janeiro 28, 2011

Palavras surgidas da noite em claro

O que é sofrer?
Sofrer é sorrir
Pra não ter que dizer
Não dizer o porquê
De tanto choro escondido
Num baú querido, ferido e perdido
Num baú só seu
No seu coração
[...]
Meus pensamentos sempre me fizeram algum mal. Hoje, eles me tiram o sono.
Vivi coisas inimagináveis, mas sorri. Pude tocar mãos quentes e colher sorrisos que iluminam meu porão miúdo.
As palavras são uma saída, ou apenas um aviso. São melodia, poesia... São a essência dos meus atos.
Encontrei-me comigo mesma, mas depois perdi-me de vista. E agora, vago pela varanda e penso em sorrir, mas não consigo compor algo bom a esses corações que coloriram meus dias passados, errados, sofridos.
Há insistência dessas tristezas, por quererem ficar. E o que devo fazer? Não posso fugir, nem fingir não ouvir quem meu nome está a gritar.
Só quero sentir o que um dia senti. Pode ser em um sonho, ou pode ser real. Não me importo em perder o nascer do sol. Prefiro revê-lo num outro dia. Prefiro sonhar com você.
Quero a melodia do seu coração induzindo-me, mais uma vez. Eu cavei fundo demais ou ainda não te alcancei?
Quero adormecer, mas o sono se afugentou. Quero correr, mas o tempo parou. Queria um sorriso, mas você não o compôs pra mim.

Quem dera eu estivesse aí, e pudesse sentir seu abraço, pra me abandonar em território seguro e respirar fundo.
As folhas no chão me mostram a direção. Sigo em frente, e viro à esquerda. Dois passos adiante e o avistei.
Segure a minha mão, para eu não cair. Vais me ajudar a dormir, ou roubar lágrimas de mim?

janeiro 05, 2011

Tenho de dizer...

Manti-me de pé até a alta madrugada, e quando me dei conta, havia ido embora do sufocante espaço em que vivera dias de tristeza. Então ouvi minhas canções favoritas, e permiti que lágrimas escorressem pelo meu rosto seco. Impressionei-me pelo fato de que, ao ouví-las, consegui compor espontaneamente, e tão prontamente que caneta e papel não davam conta. As palavras estavam pulando de dentro do meu coração, e as lembranças me ferindo, e me fazendo pensar no seu valor.
Pensei tanto em um eterno amigo, que a saudade começou a bombardear o que restara de mim naqueles dias. A garoa incessante combinou muito bem com o que se passou ali.
Cansei-me, e verti muitas lágrimas por palavras e olhares frios dirigidos a mim, que levaram embora a minha força, que já era pouca. Aos rastejos, naquela estrada escura, eu fui encontrando as pegadas que você deixou, e a esperança fez surgir um custoso sorriso em minha face. Talvez, a partir disso, eu conseguiria voltar ao que chamam de estabilidade, e eles deixariam de me olhar como se eu fosse estranha, quando, na verdade, apenas algumas mudanças haviam se manifestado. Foi uma pena essas mudanças serem tão inconcebíveis a eles, a ponto de me olharem com olhos de furor. Então eu quis gritar, mas emudeci, e o silêncio doeu em mim.
Mas sei que o sol vai voltar, e tudo vai se alinhar. Ou seria eu capaz de me esquecer que mesmo as feridas mais profundas cicatrizam, e que a escuridão converte-se em luz ao amanhecer?
Senti-me lentamente consumida pelo medo de não te ver mais, e silenciosamente ferida pelos pensamentos alheios, a respeito de mim. Parecia que em alguns dias eu partiria para algum lugar distante, agonizante e sem vida. Perguntava-me sem cessar porquê estaria me sentindo assim, e talvez eu soubesse a resposta, mas tudo o que eu queria era apenas seu abraço, pra me acalmar, cedendo-me alguns segundos de suspiros vivificantes.
Tenho pacientemente esperado por dias que parecem não chegar, para que você abra a janela de manhã, deixe a luz entrar e me diga que sempre estará do meu lado, mais uma vez.