dezembro 10, 2010

What friends are for


Catherine amava seu vestido rodado, mas detestava o que vivia. Ela era sozinha e necessitava de um abraço, todos os dias.
Andava em ruas vazias, buscando um intruso amigo que mudasse a face pálida e triste que ela tinha.
Pessoas como Catherine, certamente chamam a atenção, mesmo contra a vontade delas. Mas ela se ocultava tanto, que quase não a notavam.
Encontrou um bosque, vazio como queria. Sentou-se com suas folhas velhas e amareladas, e sua pena de criar, pra criar um novo horizonte.
Chorava por não conseguir sorrir. E quanto mais sozinha estava, menos viva se sentia.
Umedeceu as folhas, e tentava escrever sobre um dia ensolarado que vivera.
Catherine mal sabia o que lhe esperava.
[...]
Havia um garoto, sozinho e frustrado. Ele buscava desesperadamente um ombro amigo, no qual pudesse se apoiar.
Ele nunca soube o que é ser notado e querido.
Lembrava-se constantemente do seu passado, quando tinha amigos... Mas agora, todos haviam partido.
E a partir desse choque em ossos tão fracos, ele desistiu de buscar, e estava triste por não encontrar essa amizade tão sonhada, que ele queria experimentar.
Ele corria para longe, como que fugindo de sua infelicidade. Mas isso não adiantava.
Conhecia lugares desertos mais que todos daquela cidade, pois era ali que se escondia.
John se escondia por medo, medo das feridas e do olhar sufocante das pessoas sobre ele.
Um dia decidiu fugir. Fugir temporariamente. Fugir de seu quarto bagunçado e cheio de memórias, que cresceram até o sufocarem.
Correu, até perder o fôlego. E quando parou, avistou uma estrada por entre as árvores. Não conhecia aquele lugar.
John caminhou ali por alguns minutos.
Aquela estradinha levava a um lindo bosque, vazio como John era, e lá o vento fazia barulho.
Andou examinando tudo com grande curiosidade. Até que se assustou. Congelou.
Viu ao longe um banquinho, e uma garota sentada sobre ele. Ela parecia chorar, e estava inclinada olhando para algo à sua frente.
John estremeceu.
Era Catherine, chorando sobre suas folhas já úmidas e cheias de palavras que haviam vindo de dentro do seu ser.
John pensou. Pensou muito, e decidiu aproximar-se.
Trêmulo e cheio de dúvidas, caminhou silenciosamente até Catherine. E sentou-se ao seu lado.
Catherine assustou-se, e o viu com os olhos cheios de lágrimas que estavam prestes a escorrer pelo seu rosto.
Não o conhecia, nem ele a conhecia. Mas, pela primeira vez, teve coragem de dizer algumas palavras além do que sempre tentava.
"Meus passos foram longos até aqui, mas sei que foi o seu choro sincero que me trouxe. Há anos venho buscando um ombro, e acho que hoje posso dar-lhe o meu".
Ela o olhou com olhos de gratidão, sorriu, e um abraço os fez estarem mais próximos.
Catherine não tinha mais uma face pálida, e John não carecia mais de um ombro.
Sabiam que seriam amigos, sem precisar dizer. E a partir dali novas vidas surgiram.
Unidas, por um forte laço de amizade.
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"Cada amizade é uma ponte que surgiu, para usufruirmos dela quando o chão está cheio de pedras, e fica difícil caminhar." (Bianca)